sexta-feira, 1 de maio de 2009


A razão de um povo, na contra mão de um governoEstiveram presentes em Novo Progresso, representantes do Governo Federal Sr. Daniel Guimarães Penteado, representantes do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade e Coordenador Geral da Floresta Nacional, juntamente com o Sr. Lauro Paiva, Chefe da Floresta Nacional do Jamanxim no dia 28/04, para juntos com as autoridades municipal e regional para debaterem sobre o descontentamento geral da população local no que diz respeito a Flona do Jamanxim.Novamente o Governo Federal parece ter mandado seus representantes até aqui em Novo Progresso para mais uma reunião com lideranças locais para por pano quente, fazer promessas, apontar possibilidades e jogar para frente, sabe-se lá pra quando possíveis acontecimentos dessa questão.


Mais uma vez, o Governo Federal enviou seus representantes com a intenção de rolar a questão em pauta e ganhar tempo, sem considerar o desespero de famílias que vivem na Flona do Jamanxim e a sociedade regional com um todo.Em contra partida, os representantes do Governo Federal, jamais imaginaram encontrar aqui, pessoas com tamanho conhecimento de causa, com tamanha capacidade de expressão, com um repertório tão amplo de argumentar que inegavelmente deixa de maneira extraordinariamente clara o quanto o governo federal está equivocado a respeito desta região da Flona do Jamanxim e da população em geral que aqui vive.


Todas as vezes que os representantes do governo federal tentavam encontrar com grandes dificuldades algumas justificativas para a existência da Flona, ou justificar o porque das dificuldades para fazer a redefinição da mesma, os representantes da região, hora um, hora outro, desferia uma saravaida de argumentos da mais alta e clara consistência, justificando o porquê da importância da redefinição da flona do Jamanxim e da ancia de respeito que os brasileiros que aqui vivem, esperam da pátria brasileira.Os representantes da região de Novo Progresso, cercados de amplos conhecimentos e amparados por razões verdadeiras, deixaram de maneira mais clara possível o quanto o governo federal precisa mudar o tratamento para com os brasileiros que vivem nesta região.Várias autoridades locais inflamaram o grande publico presente que aplaudia fervorosamente as colocações fundamentadas e respaldadas por grandes conhecedores da real situação desta região.


Destacamos o Sr. Ricardo Facinn, vice-prefeito de Novo Progresso, que com seu grande conhecimento, deixou de maneira clara para os representantes do governo federal que o município de Novo Progresso já tem mais de 90% de seu território como reserva, e que os menos de 10% das orlas produtivas, não são suficientes para a auto sustentabilidade do município.Destacamos também, os pronunciamentos do Secretário de Agricultura Sr. Edson Medeiros Maia (Santarém), do ex-vereador Zé da Viola, do presidente da SIPRUNP Sr. Agamenon Menezes entre outros vários e excelentes pronunciamentos de autoridades locais.Ao final da reunião, os representantes do governo federal, diante de tantos argumentos, diante de tantas verdades explicitas, já demonstravam uma grande preocupação em fazer com que a verdadeira justiça seja feita nesta região.Sensibilizados, prometeram fazer tudo o que estiver em seu alcance para solucionar o mais rápido possível os problemas da região.


O povo da região, espera ansiosamente que seus anseios sejam ouvidos e que uma grande parcela dos vários ipencilios criados pelo governo federal, seja urgentemente resolvida com a redefinição da flona do jamanxim, a titulação das terras, a pavimentação da BR 163 entre tantos outros problemas que a população da região enfrenta no estado do Pará.A população não aceita mais conversas, o povo quer ações imediatas, quer definições, atitudes e principalmente respeito por parte do governo federal.As famílias que aqui vivem, oriundas dos quatro cantos do país, representantes das mais variadas etnias, começaram a ocupar este lugar na década de 70 incentivados pelo governo federal que abriu a BR 163 e estimulou a ocupação das suas margens sem fazer nenhum controle sobre as áreas ocupadas, sem dar nenhum incentivo as famílias sem nem uma política assistencialista nem educacional de como deveriam proceder essas famílias para que se desenvolvessem sem a degradação do meio ambiente.


Muitos membros dessas famílias padeceram e morreram vitimas da malária e outras enfermidades, pois só havia assistência médica a mais de 400 quilômetros de distância, quem conseguiu sobreviver, trabalhou duro e sem assistência governamental alguma, era necessário plantar e colher para poder se alimentar, terra havia em abundancia e de ótima qualidade sem nenhum controle do governo, cada um podia pegar o quanto podia cuidar, então mais familiares, amigos e aventureiros vinham para esta região e cortavam suas terras e se instalavam sobre seu pedaço de chão.Em seguida, veio a corrida pelo ouro na década de 80 e junto com ela uma infinidade de pessoas chegaram a este lugar para tentar encontrar a tão sonhada realização financeira. As famílias proliferaram e com a queda dos garimpos, a população recorreu à madeira, agricultura e pecuária. Hoje, com a queda do setor madeireiro, a população está baseando sua economia na pecuária e na agricultura familiar. A vida tem ficado cada vez mais difícil nos últimos anos na região.


O governo federal, equivocadamente cria políticas que engessam a região, o desconhecimento federal atrapalha o desenvolvimento, prejudica e desrespeita os brasileiros que tentam trabalhar para produzir alimentos, empregos e renda para os trabalhadores que aqui vivem.


É notória a falta de conhecimento e preparo dos representantes federais enviados pelo governo para á região, eles chegam aqui com o “CHIP” da mídia lá de fora na cabeça e despreparadamente, tentam colocar na cabeça de quem vive aqui, suas idéias contraditórias e desordenadas de um governo confuso e desconhecedor de seu território, de seu povo e da realidade.Eles tentam enfiar goela abaixo da população local, decisões tomadas entre quatro paredes em Brasília, baseado em foto satélite e sem dar importância ao desespero de uma população que só quer trabalhar para produzir alimentos com dignidade.O governo Federal tem por obrigação moral, priorizar o ser humano, priorizar o brasileiro em qualquer circunstância, principalmente quem trabalha com tantas dificuldades para produzir alimentos.Aqui, ninguém é produtor de drogas, aqui se produz alimentos, todos querem trabalhar na legalidade, seja na lavoura com as titulações, seja na colheita de madeira da selva atravéz dos projetos de manejo.


Hoje, 90% da população que reside em Novo Progresso, estão aqui vindas de todo o Brasil, onde venderam suas propriedades e ao chegarem aqui, investiram tudo o que tinham, compraram e pagaram suas terras dos antigos posseiros que o próprio governo federal trouxe pra cá na década de 70, tudo o que eles tem, está aqui, se perderem suas terras vão perder tudo que construíram durante uma vida toda.Dentro da Flona do Jamanxim, por exemplo, já havia moradores produzindo alimentos 20 anos antes de a Flona ser criada, então não foi os produtores de alimentos que invadiram a flora do Jamanxim, e sim, a flona criada pelo governo que invadiu terras produtivas ameaçando famílias ali instaladas há mais de 20 anos, sendo que, tem um oceano de selva logo adiante que se entende por uma infinidade de quilômetros.


No município de Novo Progresso, mais de 90% das terras são de reservas florestais, é um dos municípios que mais preservam as florestas em todo o planeta.Então o governo federal, tinha que vir aqui nos parabenizar, nos mostrar para o mundo como exemplo e por fim nos incentivar através de projetos elaborados junto com a sociedade local para que possamos continuar produzindo e protegendo a Amazônia, com isso, conseguiremos viver dignamente, mas isso não é feito pelo governo, o qual prefere ceder a pressão das ONG’s e da mídia que sempre vem para essa região levar para o mundo noticias mentirosas e divulga dados inverídicos.


O governo federal é completamente confuso quando a questão é Amazônia, não tem uma política definida a este respeito, os próprios ministros se contradizem quando falam sobre a Amazônia.Aqui, quem tem uma área de terra totalmente preservada, o incentivo do governo é zero para quem esta preservando, em contra partida, oferece PRONAF, para quem fez derrubada para fazer pastagens e criar gado, porém se pegar alguém fazendo derrubadas aplica multas milionárias, porque é proibido derrubar, é totalmente contraditório, confuso e desordenado.


A população deste lugar, não aguenta mais esperar, eles querem a redefinição da Flona do Jamanxim, a população quer saber definitivamente o que pode e o que não pode ser feito porque aqui todos têm a mesma ideologia que é trabalhar na legalidade e ser tratado com respeito e dignidade.Moradores entorno da BR 163, estão cansados de ficar em 3º plano, atrás da fauna e da flora, o ser humano dever ser prioridade em qualquer lugar e por qualquer governo, a única maneira eficaz de proteger o meio ambiente desta região é dando dignidade as famílias que vivem aqui trabalhando e protegendo a floresta.Aqui ninguém desmata porque gosta, todos amamos nossas florestas mas acima de tudo amamos nossos filhos e nossas famílias, a nossa sobrevivência será sempre nossa prioridade.


Quando a selva valer mais em pé, do que derrubada, não mais haverá devastações.Quatro décadas se passaram e pouca coisa mudou.“Esses são os dois lados da moeda”
Por: Arciso Antonio e povos da amazonia


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