Prefeitura do município havia feito o pedido na última semana.
Comissão da Verdade pediu a exumação do corpo do ex-presidente.
Celso Duarte
Da RBS TV G1
O Exército não fará a segurança do túmulo do ex-presidente João Goulart, em
São Borja, na Fronteira Oeste do
Rio Grande do Sul.
A decisão foi anunciada na noita deste sábado (11) pelo comandante do
2ª Regimento de Cavalaria Mecanizada, tenente-coronel André Álvares. O
pedido foi feito pela prefeitura após a decisão da Comissão Nacional da
Verdade do Ministério Público Federal de pedir a exumação dos corpo.
Jango morreu em 1976, durante o exílio na Argentina.
Segundo Álvares, a solicitação foi avaliada pelo general Geraldo
Antônio Miotto, comandante da terceira divisão do Exército. O pedido foi
negado por considerar que a área não é de jurisdição das Forças Armadas
e que não haveria amparo legal para o emprego de tropa no cemitério. De
acordo com o comandante, a missão deve ser da Brigada Militar ou da
Guarda Municipal.
O prefeito Farelo Almeida assinou decreto instituindo uma comissão
municipal para acompanhar os trabalhos da Comissão da Verdade, que apura
possíveis excessos durante a Ditadura Militar.
Comissão da Verdade quer força-tarefa de peritos no caso
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) quer reunir uma força-tarefa de
peritos internacionais para analisar a causa da morte do ex-presidente. O
procedimento ainda depende de autorização da Justiça, o que deve
ocorrer em três meses.
O advogado da família e neto do ex-presidente João Goulart, Christopher
Goulart, comemorou a decisão. Segundo ele, o procedimento pode
significar a comprovação de uma “versão oficial mentirosa” e vai acabar
com uma dúvida histórica levantada sobre a morte de Jango, além de abrir
caminho para elucidar outras suspeitas sobre o período da ditatura
militar no Brasil.
Entenda o caso
Detalhe da lápide do túmulo de João Goulart
(Foto: Prefeitura de São Borja/Divulgação)
A família de João Goulart já havia manifestado o desejo de exumação do
corpo do ex-presidente durante audiência pública da Comissão da Verdade
em março deste ano, em Porto Alegre. Na ocasião, o governador Tarso
Genro lembrou sua atuação como ministro da Justiça e falou sobre a
solicitação feita à Polícia Federal, em 2010, de um inquérito para
investigar a morte de Jango. A ministra da Secretaria dos Direitos
Humanos, Maria do Rosário, também defendeu a investigação no Ministério
Público Federal, onde o processo tramita desde 2007.
A exumação deve apurar a suspeita de que Jango tenha sido assassinado
por envenenamento, em dezembro 1976 durante exílio na Argentina, o que
contraria a versão oficial de que ele foi vítima de um ataque cardíaco.
Uma cápsula teria sido colocada no frasco de medicamentos que Jango
tomava regularmente para combater problemas no coração.
O plano para a morte do ex-presidente teria sido executado por agentes
da ditadura uruguaia durante a Operação Condor (uma aliança entre as
ditaduras militares da América do Sul nos anos 1970 para perseguir
opositores dos regimes), à pedido do governo militar brasileiro. Os
militares suspeitavam que João Goulart estivesse planejando sua volta ao
Brasil por ter recuperado seus direitos políticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário