sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Trote violento pode ter vitimado soldado da PM


Acesso com exclusividade ao laudo do exame de corpo de delito (necropsia) feito pela Unidade de Medicina Legal do Centro de Perícias Científicas (CPC) Renato Chaves no soldado PM José de Araújo Cruz, 29, morto durante o primeiro Curso Operacional da Ronda Tática Metropolitana (Rotam), dia 16 de outubro passado, em Inhangapi, nordeste do Estado. Apesar da versão oficial para morte ter sido “insuficiência cardíaca decorrente de afogamento”, o laudo do CPC mostra lesões no cadáver do policial que podem indicar que ele tenha sido vítima de um afogamento provocado por terceiros.


No item “lesões externas” o laudo aponta “Equimose arroxeada de 1,5cm diâmetro (sic) na região lateral esquerda do pescoço” e “Equimose arroxeada irregular na região lateral direita do pescoço”. De acordo com um perito ouvido pela reportagem e que preferiu não se identificar, as lesões podem indicar que o pescoço do militar pode ter sofrido uma pressão através de mãos para debaixo da água, provocando o afogamento e, por conseguinte, a parada cardíaca. “Essa lesão no pescoço é praticamente a prova do afogamento”, assegura.


A morte do PM Cruz ocorreu quando ele tentava atravessar um rio de um lado para o outro com apoio de cabos de aço. De acordo com relatos colhidos à época, em cada margem do rio havia canoas com salva-vidas e bóias para qualquer eventualidade. De acordo com informações prestadas pelo coronel Cunha, que era o ministrante do curso, ao chegar do outro lado do rio, o soldado teria pisado na canoa com os dois salva-vidas.


Segundo o relato do oficial, a canoa virou e tanto os salva-vidas como o soldado Cruz afundaram, mas apenas os dois primeiros submergiram. Em seguida os salva vidas mergulharam e trouxeram o corpo do soldado para terra firme. Cruz teria sido atendido pelo major-médico Gilmário, que tentou reanimá-lo, sem sucesso.


Uma ambulância a postos no local levou o militar ao hospital São José, em Castanhal, mas às 5h50 o soldado não resistiu e morreu. Coronel Cunha encarou o episódio como uma “fatalidade” e informou que o militar teria sofrido “morte súbita”. O resultado do laudo deve causar uma reviravolta nos rumos do caso.


Na época, várias hipóteses foram levantadas para justificar a morte do PM. A principal delas é que o soldado Cruz teria sido vítima de um trote violento aplicado por oficiais e praças, que teriam lhe aplicado um “caldo”. Chama atenção o fato ainda que o militar era um homem jovem, forte e saudável. Além disso, acostumado a esse tipo de treinamento, pois já havia servido no Exército e no Comando de Operações Especiais (COE) da PM. Ao final, o perito Ivanildo da Costa Navegantes, que assina o laudo, informa que não há elementos suficientes para “correlacionar trauma do pescoço como causa da morte, assim como asfixia. Ele sugere como causa mortis insuficiência cardíaca congestiva.


fonte diario do para

Nenhum comentário:

Postar um comentário