domingo, 8 de fevereiro de 2009

FAB investiga excesso de peso em avião que caiu no Amazonas

BRASÍLIA - Mau tempo, suspeita de excesso de peso e um novo desastre aéreo choca o país: eram da mesma família 20 das 24 pessoas que morreram na queda de um avião, no sábado, no rio Manacapuru, a 80 quilômetros de Manaus. O turbohélice da Manaus Aerotáxi tinha capacidade só para 21 pessoas, mas voava com sete a mais – número omitido na lista oficial. Apenas quatro passageiros sobreviveram, porque saíram pela porta do bagageiro, na traseira do avião que ficou submerso. Entre os mortos estão o piloto, César Grieger, e o co-piloto, Danilson da Silva.

A Manaus Aerotáxi confirmou 28 pessoas no Bandeirante da Embraer, prefixo PT-SEA, mas negou excesso de peso. O avião decolou no sábado de Coari (AM) para Manaus, por volta de meio-dia (14h no fuso de Brasília). Os passageiros tinham fretado para ir a uma festa de aniversário na capital. Mas o mau tempo obrigou o piloto a contatar o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo da região e pedir para retornar a Coari. Logo depois, perdeu contato com a torre. Sob forte chuva, o Corpo de Bombeiros localizou a aeronave a 500 metros da pista de Coari, dentro do rio.

Causas
A Aeronáutica já iniciou a investigação das causas. A principal hipótese é o mau tempo aliado ao excesso de peso. A Agência Nacional de Aviação Civil informou que a capacidade do avião é de até 21 pessoas, incluindo dois tripulantes. Para o comandante Carlos Camacho, piloto aposentado da Varig e especialista em segurança de vôo, o piloto do turbohélice pode ter sido omisso.
– O excesso de peso pode ter ajudado na queda do avião, que voava com mais de 50% da carga permitida. Isto é uma loucura – comentou Camacho. – O piloto deve respeitar as regulamentações e este acidente foi um atentado contra a segurança de voo.
A aeronave tem capacidade de voar com 5.900 quilos mas, segundo Camacho, pelos seus cálculos, havia um excesso de, pelo menos, 800 quilos.
– Levando em conta que cada passageiro pesava entre 70 e 80 quilos, havia uma margem muito acima da permitida. O que aconteceu foi um crime contra a vida.
O Bandeirante exige uma qualificação especial por parte do piloto, lembra o comandante. Procurada pelo JB, a Anac informou que tanto o piloto quanto a empresa estavam com a documentação em dia para operar a aeronave.
De acordo com a aeronáutica, o piloto entrou em contato com a torre do aeroporto de Manaus e informou que voltaria para Coari por causa da forte chuva. Mas para Camacho, a chuva não deve ter sido a causa do acidente, pois o avião consegue voar muito bem mesmo diante de uma tempestade.
– A aeronave é muito estável e consegue voar normalmente mesmo sob chuva forte – garante o comandante.

Pouso na água

O avião foi encontrado a 500 metros de uma pista de pouso abandonada na comunidade de Santo Antonio, próxima ao rio, totalmente submerso.

Para Camacho esta modalidade de pouso não é a opção segura.

– Não existe muita diferença entre pousar um Boeing ou um Bandeirante na água. As pessoas podem achar que, por ser água, não tem muito impacto, mas é uma situação difícil, devido à desaceleração brusca. Os passageiros sentem um impacto muito forte e por isso não é qualquer profissional que consegue pousar na água – explica o comandante.

A pequena cidade de Coari (AM), de onde saiu o avião, decretou luto oficial por três dias e feriado nesta segunda-feira.

jb online

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