Conheça mais sobre o Tambaqui da Amazônia
Atualmente, quatro de cada cinco tambaquis consumidos no Amazonas são oriundos de cativeiros. E a piscicultura é quem garante o abastecimento e o preço baixo do tambaqui. Na Amazônia são produzidas hoje cerca de 200 mil toneladas de pescado (perto de 20% do total nacional) a cada ano. Só no ano de 2003 a renda bruta da atividade na região ultrapassou R$ 470 milhões.
O consumo médio de peixe na Amazônia é de 50 quilos per capita/ano, enquanto a maior nacional é de 6,8 quilos. Algumas regiões da Amazônia o registram consumo bem mais elevado: no Baixo Amazonas, por exemplo, cada pessoa consome, em média, 134,7 quilos por ano. A quantidade é grande também no Baixo Solimões, 178,9 a 219 quilos, e no Alto Solimões, de 182,5 a 292 quilos. Esse é o maior consumo do mundo, ultrapassando o Japão que é de 90 quilos por pessoa ao ano.
Salto de qualidade
Para os pesquisadores Roger Crescêncio e Cláudio Izel, o melhoramento genético é uma necessidade: “Caso dependêssemos somente da pesca, o tambaqui seria escasso e seu preço fora do alcance para a população em geral”. Para evitar a escassez da espécie, o Aquabrasil — projeto de piscicultura do Brasil desenvolvido com a ajuda de 40 universidades e instituto de pesquisas — elegeu o tambaqui como alvo para as experiências de melhoramento.
A maior parte dos tambaquis consumidos na região são oriundos de cativeiros. Foto: reprodução
Segundo Crescêncio, o desenvolvimento de uma linhagem de tambaqui melhorada — um trabalho muito caro — representa um salto de qualidade na piscicultura regional e brasileira. O tambaqui é a espécie mais cultivada na Amazônia e a terceira no Brasil.
A fartura de pescado na Amazônia adiou por muito tempo a necessidade do cultivo de peixes em lagos e açudes da região. Contudo, com o crescimento da população e o conseqüente aumento do consumo de pescado o cultivo de peixes em cativeiro, é o caso do tambaqui, tornou-se indispensável.
E foi ciente dessa demanda que, em meados da década de 1990, a Embrapa Amazônia Ocidental iniciou suas pesquisas na área de aqüicultura. Á época vários produtores rurais se aventuraram na piscicultura, mas a grande maioria não obteve sucesso. O motivo: não havia um pacote tecnológico de criação para as espécies locais, entre as quais o tambaqui e matrinxã. Eles também não sabiam como criar as espécies nem como alimentá-las corretamente.
Equipes qualificadas
Superadas as dificuldades iniciais, a Embrapa Amazônia Ocidental continuou a investir em pesquisas. A empresa queria oferecer aos produtores locais um sistema de criação de peixes a ser seguido, com viabilidade econômica assegurada.
O sistema só foi consolidado e colocado à disposição dos criadores no ano de 2001 com a publicação do trabalho “Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas”. Após esse, foram gerados outros sistemas com tambaqui, matrinxã e tartaruga.
A aqüicultura regional foi revitalizada e despertou agências financiadoras que passaram a ver a atividade agropecuária como um grande empreendimento.
Fonte:Agência Amazônia - A.L