segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Tambaqui da Amazônia terá centro de melhoramento genético

MANAUS — Apreciado na cozinha regional, o tambaqui ganha atenção especial na área das pesquisas. A Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, vai construir um centro de melhoramento de genético de peixes. Os pesquisadores querem produzir no centro uma linhagem da espécie capaz de atingir maior peso em um ano de cultivo.





Conheça mais sobre o Tambaqui da Amazônia





Atualmente, quatro de cada cinco tambaquis consumidos no Amazonas são oriundos de cativeiros. E a piscicultura é quem garante o abastecimento e o preço baixo do tambaqui. Na Amazônia são produzidas hoje cerca de 200 mil toneladas de pescado (perto de 20% do total nacional) a cada ano. Só no ano de 2003 a renda bruta da atividade na região ultrapassou R$ 470 milhões.





O consumo médio de peixe na Amazônia é de 50 quilos per capita/ano, enquanto a maior nacional é de 6,8 quilos. Algumas regiões da Amazônia o registram consumo bem mais elevado: no Baixo Amazonas, por exemplo, cada pessoa consome, em média, 134,7 quilos por ano. A quantidade é grande também no Baixo Solimões, 178,9 a 219 quilos, e no Alto Solimões, de 182,5 a 292 quilos. Esse é o maior consumo do mundo, ultrapassando o Japão que é de 90 quilos por pessoa ao ano.





Salto de qualidade


Para os pesquisadores Roger Crescêncio e Cláudio Izel, o melhoramento genético é uma necessidade: “Caso dependêssemos somente da pesca, o tambaqui seria escasso e seu preço fora do alcance para a população em geral”. Para evitar a escassez da espécie, o Aquabrasil — projeto de piscicultura do Brasil desenvolvido com a ajuda de 40 universidades e instituto de pesquisas — elegeu o tambaqui como alvo para as experiências de melhoramento.

A maior parte dos tambaquis consumidos na região são oriundos de cativeiros. Foto: reprodução

Segundo Crescêncio, o desenvolvimento de uma linhagem de tambaqui melhorada — um trabalho muito caro — representa um salto de qualidade na piscicultura regional e brasileira. O tambaqui é a espécie mais cultivada na Amazônia e a terceira no Brasil.

A fartura de pescado na Amazônia adiou por muito tempo a necessidade do cultivo de peixes em lagos e açudes da região. Contudo, com o crescimento da população e o conseqüente aumento do consumo de pescado o cultivo de peixes em cativeiro, é o caso do tambaqui, tornou-se indispensável.

E foi ciente dessa demanda que, em meados da década de 1990, a Embrapa Amazônia Ocidental iniciou suas pesquisas na área de aqüicultura. Á época vários produtores rurais se aventuraram na piscicultura, mas a grande maioria não obteve sucesso. O motivo: não havia um pacote tecnológico de criação para as espécies locais, entre as quais o tambaqui e matrinxã. Eles também não sabiam como criar as espécies nem como alimentá-las corretamente.

Equipes qualificadas

Superadas as dificuldades iniciais, a Embrapa Amazônia Ocidental continuou a investir em pesquisas. A empresa queria oferecer aos produtores locais um sistema de criação de peixes a ser seguido, com viabilidade econômica assegurada.

O sistema só foi consolidado e colocado à disposição dos criadores no ano de 2001 com a publicação do trabalho “Criação de Tambaqui (Colossoma macropomum) em Viveiros de Argila/Barragens no Estado do Amazonas”. Após esse, foram gerados outros sistemas com tambaqui, matrinxã e tartaruga.

A aqüicultura regional foi revitalizada e despertou agências financiadoras que passaram a ver a atividade agropecuária como um grande empreendimento.

Fonte:Agência Amazônia - A.L