quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Governo vai mudar legislação para regularizar terra na Amazônia

Foi descartada ideia de criar agência para regularização fundiária.
Segundo ministro, cerca de 290 mil posseiros podem ser beneficiados
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, afirmou nesta quinta-feira (22) que o governo vai enviar em fevereiro ao Congresso Nacional uma medida provisória ou um projeto de lei para agilizar a regularização fundiária de terras da União na região da Amazônia Legal. Ele e outros ministros se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir a melhor forma de regularizar terras ocupadas por posseiros na Amazônia.

Segundo ele, será criada uma diretoria responsável pela área no ministério, que vai usar a estrutura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para formalizar os títulos de domínio. O governo estima que mais de 290 mil posseiros de pequenas áreas entre quatro e 15 módulos rurais (o módulo rural varia de acordo com o estado, mas na região da Amazônia Legal cada módulo equivale, em média, a 76 hectares) possam ser beneficiados com o registro da propriedade.

Para obter o título de domínio, o posseiro precisa ir ao Incra, requerer a posse e pedir um estudo de georeferenciamento, que será fornecido pelo instituto. Se a propriedade estiver desmatada, ele terá que fazer a recuperação da mata e não poderá vender a terra por pelo menos 10 anos. O posseiro terá até 20 anos para pagar pela terra.

Segundo Cassel, no caso de propriedades até quatro módulos rurais, os valores serão apenas “simbólicos”. Porém, ele não soube precisar o preço. O ministro explicou que atualmente a regularização demora cerca de quatro a cinco anos para ser concluída. “Quando mudarmos a legislação, esse processo deve demorar entre 60 e 120 dias. Será um grande avanço e ajudará no Plano Amazônia Sustentável [PAS]. Com o atual marco legal é impossível fazer regularização fundiária”, disse.

A nova legislação vai ter foco na regularização de propriedades com até 1.500 hectares. Acima disso, o proprietário terá que apresentar mais documentos. Ele pode também regularizar apenas 1.500 hectares e abrir mão do restante da propriedade. Ou ainda entrar num processo licitatório para ficar com a terra.

Divergência

O presidente Lula optou pela mudança de legislação em detrimento à proposta defendida pelo ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que estava propondo a criação de uma agência específica para tratar da regularização fundiária na região. Unger acredita que o Incra não tem capacidade para tocar o processo.

Mangabeira Unger tinha o apoio dos governadores da região, que preferiam usar os modelos estaduais de regularização fundiária e ganhar aportes financeiros do governo federal para regularizar as áreas federais, mas prevaleceu a posição do presidente Lula.

Fonte:folha do progresso