segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Rotam liquida assaltantes

Quatro suspeitos de assassinar o cabo Cunha, da Rotam, durante um assalto no bairro do Curuçambá, em Ananindeua, na noite do último sábado, foram mortos ontem em confronto com policiais da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam). Dois suspeitos, mortos no final da manhã de ontem, são filhos de um policial militar. No início da tarde, em troca de tiros com a polícia, outros dois acusados de envolvimento na morte de Cunha morreram baleados no mesmo bairro.

Os irmãos Jeremias Wellington Pinheiro dos Santos, de 25 anos, o 'Mia', e Jerônimo Wesley Pinheiro dos Santos, de 22, o 'Careca', são filhos do cabo Dias. A informação foi confirmada pelo subcomandante da PM, coronel Leitão. De acordo com o major Cavalcante, os irmãos são sobrinhos de uma delegada da Divisão de Crimes Funcionais (Decrif), ligada à Corregedoria-Geral da Polícia Civil.

Pela parte da tarde, Fernando Batista da Silva, de idade não confirmada, e um comparsa não identificado, receberam policiais à bala enquanto se escondiam em um matagal no Curuçamá, por volta das 13 horas. Ambos foram baleados. Socorridos no Pronto Socorro Municipal da Cidade Nova 6, eles morreram horas depois, de acordo com a delegada Deusa Nazaré Seabra, da Seccional do Paar, responsável pelo caso. Ela confirmou que todos os quatro mortos são suspeitos de envolvimento na morte do cabo Cunha.

Em ambas as incursões, foram apreendidas quatro armas de fogo, cada uma em posse de um dos acusados, e um papelote com maconha na casa dos irmãos Jeremias e Jerônimo. Durante o resto do dia de ontem, policiais continuaram à caça de mais dois suspeitos de participar do crime.

REAÇÃO


Após a morte do cabo Paulo Sérgio da Cunha Nepomuceno, de 32 anos, por volta de 19h30 do sábado, 16 viaturas da Rotam foram deslocadas para os bairros do Paar e Curuçambá, em Ananindeua, para localizar os criminosos. O primeiro detido envolvido na morte do cabo, de apelido 'Thiaguinho', caiu ao tentar receber atendimento médico no Hospital Metropolitano, ainda na madrugada do ontem. De acordo com o coronel Leitão, ele teria relatado, no hospital, os nomes dos outros dois envolvidos no crime - os irmãos Jeremias, conhecido como 'Mia', e Jerônimo, apelidado de 'Careca', abrindo o caminho para o avanço da investigação.

Por volta de 11h30 de ontem, os policiais da Rotam localizaram e cercaram a residência onde estavam escondidos os irmãos, na passagem São Pedro, próximo à Estrada do Curuçambá. 'Mia' teria sacado uma arma e disparado contra os policiais e, ao perceber que eles forçavam a grade de uma das janelas para entrar na casa, teria feito reféns a companheira e a filha de três anos de idade. A história foi confirmada pela avó dos dois, Ursulina Fernandes. Ela foi impedida pelos policiais de entrar na casa no momento em que os netos faziam os parentes reféns.

Depois de arrancar as grades de uma das janela, os militares da Rotam entraram na casa. Durante a troca de tiros, os dois irmãos foram feridos à bala. Eles foram levados ainda com vida para o Hospital Metropolitano de Belém. Jeremias não resistiu e morreu a caminho do hospital. O irmão mais novo deu entrada na emergência do Metropolitano em estado grave e morreu minutos depois.

Avó admite que um dos netos praticava 'uns assaltinhos'

Um cordão de isolamento foi montado para evitar que curiosos chegassem até o local onde ocorreu a troca de tiros. A operação da Rotam na residência reuniu em volta da casa dezenas de pessoas. A polícia impediu o acesso ao interior da casa e não permitiu que fossem feitas imagens do local onde os dois irmãos foram alvejados. Do lado de fora, próximo à entrada, era possível notar apenas uma poça de sangue.

Pelo menos seis pessoas estavam na casa durante a ação da polícia. A avó dos dois acusados, Ursulina Fernandes, conta que os policiais não chegaram a negociar com os irmãos. 'Eles chegaram atirando e arrombando a porta. Metendo bala em quem estivesse dentro', contou assustada, a avó. Sobre a informação de que Jeremias teria feito a filha refém, Ursulina diz que foi um 'ato de desespero' do neto. 'Ele fez aquilo para se defender. Não ia matar a filha e a mulher dele. Foi um ato de desespero, porque eles estavam atirando de fora', supõe.

A avó denuncia que, com a morte do policial da Rotam, as operações no bairro, durante a madrugada e o dia de ontem, se tornaram violentas. 'Eles entraram na casa de um conhecido nosso e reviraram tudo. Quebraram móveis e bateram em gente. Agora eles entraram na minha casa para matar. Não querem saber se é bandido ou se é inocente. Meus netos não têm nada a ver com essa história' , disse.

Ursulina relatou que Jeremias estava desempregado e que era sustentado pela esposa. O casal morava há oito anos na casa dela, junto com a filha e a avó. Disse ainda que o irmão mais novo era funcionário dos Correios. Ela alegou que os dois eram inocentes de qualquer acusação referente ao assalto ou a morte do policial. Sobre a conduta do mais velho, apontado como o executor do policial da Rotam, a avó disse que era uma pessoa 'tranquila', que teria 'praticado uns assaltinhos' enquanto era mais novo, mas que agora procurava um emprego.

Pai de dois acusados também é PM


Minutos depois da troca de tiros que resultou na morte dos dois irmãos acusados de executar o cabo PM Cunha, o pai dos acusados, o também cabo PM Paulo Dias dos Santos, esteve na casa de um dos filhos. Fardado, ele cumprimentou os policiais que estavam em frente à residência, mas não quis comentar o incidente que vitimou Jeremias e Jerônimo Dias dos Santos.


Visivelmente abatido, ele deixou o local em direção ao hospital para onde os filhos foram levados ainda com vida. O subcomandante da PM, coronel Leitão, que esteve na residência invadida pela Rotam, confirmou a relação de parentesco dos dois acusados com o policial. O oficial também relatou que os dois jovens eram sobrinhos de uma delegada da Divisão de Crimes Funcionais (Decrif) da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, a delegada Sandra Dias. O coronel Leitão confirmou que os dois foram identificados como participantes do assalto que resultou na morte do policial da Rotam.


Jeremias Wellington Pinheiro dos Santos respondia a dois processos na Justiça do Pará. Um referente a roubo qualificado, datado de 2001, e outro referente a homicídio qualificado, no ano de 2007. As informações estão disponíveis na página do Tribunal de Justiça do Estado (TJE), na consulta processual de 1º Grau por nomes. Em relação ao irmão mais novo, Jerônimo Wesley Pinheiro dos Santos, não há nenhum registro no sistema de consultas do TJE.