sexta-feira, 5 de junho de 2009

Filho mata mãe e a joga em poço


Quanto vale o amor, o carinho e a vida de uma mãe? Para Jefferson Lima Oliveira, de 21 anos, vale R$ 1.500,00. Foi por esse preço, ou melhor, por uma dívida criminosa nesse valor, que ele teria matado a própria mãe, a dona-de-casa Dalva Lima Oliveira, 45 anos, que era da Igreja Assembleia de Deus, no município de Concórdia do Pará, nordeste do Pará.


Dalva sumiu no último domingo, por volta das 15h. De lá pra cá, a família entrou em desespero tentando encontrá-la. Foram dias de buscas até que por volta das 8h30 de ontem parentes localizaram o corpo dentro de um poço, num sítio abandonado, distante quase dois quilômetros da rua Maryuy-Amma (moradores chamam de “Mariamba”), no bairro Nova Aurora, onde ficava a casa da vítima. Muitos parentes e amigos ainda estavam com os pés sujos de lama, após o achado macabro.


O corpo estava camuflado com pedaços de paus e estacas, um deles, pela forma como foi jogado, atravessou o corpo da vítima que ficou com as vísceras expostas. Segundo parentes, a casa, que teria motivado a situação, tem apenas dois compartimentos e não é rebocada.


O banheiro fica do lado de fora. Ela foi construída pelos próprios parentes de Dalva, que conheciam as dificuldades da família. Antônia Guedes de Lima, 46 anos, irmã mais velha da vítima, que participou das buscas, não acredita na inocência do sobrinho e afirma que ele foi o autor do crime macabro e que não contou com a ajuda de mais ninguém para executá-lo. Antônia disse que a irmã sabia do envolvimento de Jefferson em crimes e infrações, e que nos últimos dias andava muito triste e preocupada, falando até em vender a casa e se empregar numa casa de família. Ela não chegou a comentar com Antônia se o filho teria proposto a venda do imóvel para o pagamento da dívida. Mas o próprio Jefferson teria dito a um tio se a mãe não aparecesse ele riria vender a casa e depois iria procurá-la.


“Ela era boa até demais, tanto que perdeu a vida querendo ver a recuperação do filho”, relatou. A suspeita de Antônia ganhou reforço na versão de duas testemunhas:Márcio da Conceição Barbosa, 27, e Adenilson Felizardo Cordeiro, 22, que também pertencem à Assembleia de Deus, afirmam que viram Jefferson com a mãe na garupa de uma bicicleta, numa encruzilhada, a dois quilômetros do núcleo urbano da cidade e a 250 metros do sítio onde o corpo foi achado. Depois desse momento, ninguém mais teria falado ou visto Dalva.VERSÃO DO MONSTRO - Após a localização, o próprio pai de Jefferson, que há pouco mais de seis meses teria escapado de morrer nas mãos do filho endiabrado, que atentou contra sua vida com um machado – fato este relatado pelos parentes e amigos à reportagem – foi quem o acusou da morte, na delegacia. Ele foi encaminhado à Delegacia de Concórdia do Pará. Mas a situação criou uma instabilidade, pois dezenas de populares cercaram a unidade policial com o intuito de linchar o acusado.


Uma diligência foi organizada pelas polícias Civil e Militar de Concórdia e Tomé-Açu, que seguindo determinação do delegado de polícia do interior, Miguel Cunha, decidiu transferi-lo para realizar os procedimentos na sede da Superintendência Regional do Salgado, em Castanhal. Jefferson prestou depoimento ao delegado Alberto Teixeira, e deu uma versão menos trágica para o crime hediondo, dizendo que um amigo, de prenome “Marcelinho”, teria cometido o crime para agilizar a venda do imóvel, e consequentemente o pagamento da dívida.“Eu não matei minha mãe. Eu devia R$ 1.500,00 para o Marcelo e ele fez o trabalho. No domingo ele chegou em casa, na companhia de mais dois homens. Eu abri a porta pra ele entrar e eles a amordaçaram e a levaram para o sítio. Lá, eles sufocaram ela, e depois jogaram o corpo no poço.


Os pedaços de paus e estacas foram para evitar que o corpo flutuasse e fosse visto”, relatou. “Marcelo me deu um prazo para pagar a dívida e o único jeito que vi foi vender a casa. Mas, para isso, ela teria que estar morta. Aí ele se ofereceu para matar minha mãe. Eu até fiquei apavorado, fui para a casa da minha namorada, e fiquei aguardando. Na segunda-feira, ele me disse que já tinha feito o trabalho e que eu tinha até o outro dia para conseguir o dinheiro”, declarou. “Minha mãe era boa, carinhosa, e me dava conselhos para sair dessa vida. Eu espero ser punido e pagar pelo crime”.


Quando perguntado se ele estava pronto para assumir as consequências do que fez, dentro da cadeia, ou se voltaria para a cidade de Concórdia, ele disse: “não estou preparado para isso, eu prefiro morrer antes”, concluiu. Jefferson já tinha passagens pela polícia por furto, onde teria cumprido pena de seis meses.


O delegado Alberto Teixeira disse que o acusado, só pela versão que deu, pode ser autuado como co-autor, mas a polícia vai continuar apurando se ele participou diretamente do assassinato. Vamos pedir a preventiva do Marcelinho, vulgo “Louro”, e ver com a Justiça daquela comarca onde ele irá permanecer. Se for autorizado ele poderá ser transferido para o Presídio de Tomé-Açu.


>> Mulher foi jogada viva em poço Segundo o aspirante Noé, do Corpo de Bombeiros de Santa Izabel, que participou do resgate do corpo, a vítima foi jogada no poço ainda viva pela posição em que ela se encontrava. “Ela estava com as mãos na parede e com o rosto para fora da água. Ela deve ter morrido aos pouco”, disse.


A vítima estava com o rosto deformado devido as fortes pauladas. O poço de 23 metros de profundidade e com apenas 5 metros de água fica a cerca de 200 metros do ramal, em uma área de mata fechada e de difícil acesso. Dalva morava com os três filhos. Além de Jefferson, um rapaz de 19 anos e uma menina de 11 anos. O ex-marido, que mora no Maranhão, chega em Concórdia do Pará hoje para o seu enterro que está previsto para acontecer durante a manhã. Dalva estava desempregada e sobrevivia com a renda da venda das bijuterias e do benefício de R$ 90,00 do programa Bolsa Família. “E ele (Jefferson) sempre queria dinheiro.


Os vizinhos contaram que ele estava muito agressivo e pedia dinheiro constantemente para ela (Dalva)”, disse Creuza Lima, irmã da vítima. “A dor é muito grande e só nós sabemos o que estamos passando. Acreditamos em um Deus que nos fortalece e que a justiça vai ser feita”, dizia. A dor da família e da comunidade era imensa pela crueldade em que Dalva foi assassinada. “Como é que pode uma mãe criar um filho e ele virar um monstro? Temos que rezar pelas famílias que estão se destruindo”, dizia chorando. (Diário do Pará)

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