sábado, 11 de abril de 2009


Mais do que uma viagem por uma rodovia federal no meio da Amazônia, durante 20 dias fizemos um mergulho em um Brasil que o país pouco conhece. Foram quase três mil quilômetros rodados pela BR-163 e estradas vicinais, que levam a dezenas de assentamentos na região. Fizemos quatro voos para ver cidades e a floresta de cima, para visitar os índios Panará, que quase foram extintos na década de 70 com a abertura da rodovia, e conversar com garimpeiros em lugares remotos. Naquela área da Amazônia, já vivem 2,3 milhões de brasileiros, e mais um milhão de pessoas devem chegar nos próximos dez anos. A rodovia nos mostrou duas realidades completamente opostas. Em Mato Grosso, encontramos cidades que prosperaram com a chegada do asfalto e com o cultivo da soja. No Pará, onde quase toda a BR-163 ainda é de terra, com péssimo estado de conservação, os municípios não são nem sombra da prosperidade que a estrada prometeu levar. E, infelizmente, nos dois casos, vimos muita destruição do meio ambiente. De professores, ambientalistas, políticos, empresários, pequenos agricultores, garimpeiros e da gente simples da Amazônia ouvimos apelos pela conclusão da BR. Defendem a criação do corredor de exportação até o porto de Santarém, no Pará. Exigem vida mais digna para as famílias que ocupam a parte esquecida da rodovia. E a todos perguntamos: como asfaltar toda a BR sem destruir ainda mais o meio ambiente? Quase sempre a resposta foi um apelo para que o Estado esteja mais presente com políticas sociais e fiscalização. Mas nós, que amamos a Amazônia, também temos importante papel. Podemos cobrar e denunciar o que está errado.


Reporter da Globo: Julio Mosquerá


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